2 de abril de 2008

Amor e Meditação



"........O ódio existe com o passado e com o futuro, enquanto o amor não precisa nem de passado nem de futuro. O amor existe no presente. O ódio tem uma referência no passado. Alguém abusou de você ontem e você está carregando isso como uma ferida, como uma ressaca. Ou pode ser que você esteja com medo de que alguém vá abusar de você amanhã, um medo, uma sombra de medo. E você já começa a se aprontar, começa a se preparar para ir de encontro à situação. O ódio existe com o passado e com o futuro. Você não pode odiar no presente. Tente e você se sentirá completamente impotente. Tente isso hoje: sente-se em silêncio e odeie alguém no presente, sem qualquer referência ao passado ou ao futuro... você não consegue fazer isso. Isso não pode ser feito. Pela própria natureza das coisas, isso é impossível. O ódio só pode existir se você se lembrar do passado - esse homem fez alguma coisa com você ontem - aí o ódio é possível. Ou esse homem vai fazer alguma coisa com você amanhã - aí também o ódio é possível. Mas se você não tiver qualquer referência com o passado ou com o futuro - esse homem nada fez a você e nem vai fazer, esse homem está simplesmente sentado ali. Como você pode odiar? Mas você pode amar. O amor não necessita de qualquer referência. Essa é a beleza do amor e a liberdade do amor. O ódio é uma escravidão. O ódio é uma prisão imposta por você a si mesmo. E o ódio cria ódio, o ódio provoca ódio. Se você odeia alguém, você está criando ódio no coração daquela pessoa contra você mesmo. E todo o mundo existe em torno do ódio, da destruição, da violência, da inveja, da competição. As pessoas estão cada qual atracadas no pescoço umas das outras, ou de verdade, na ação, ou pelo menos na mente. Em seus pensamentos todo mundo está matando, assassinando. É por isso que nós criamos um inferno em cima desta linda terra, que poderia ter se tornado um paraíso. Ame e a terra se torna um paraíso novamente. E a imensa beleza do amor é que ele é, sem qualquer referência. O amor brota em você, sem qualquer razão. É a sua felicidade transbordando, é o seu coração compartilhado. É o compartilhar da canção do seu ser. E compartilhar é um ato tão cheio de alegria, que a pessoa compartilha. Compartilhar por ser bom compartilhar, por nenhum outro motivo. Mas o amor que você conheceu no passado não é o amor do qual Buda está falando ou que eu estou falando. O seu amor nada mais é do que o outro lado do ódio. Então o seu amor tem referência. Alguém foi tão belo com você ontem, ele estava tão bom que você está sentindo um grande amor por ele. Isso não é amor. Isso é o outro lado do ódio. A prova disso é a referência. Ou alguém será bom para você amanhã, o jeito como ele sorri para você, o jeito como ele fala com você, o jeito como ele convidou você para ir à casa dele amanhã, ele será muito amável com você. E um grande amor desabrocha.
Esse não é o amor do qual Buda fala. Isso é ódio disfarçado em amor. É por isso que o seu amor pode se transformar em ódio a qualquer momento. Arranhe uma pessoa só um pouquinho e o amor desaparecerá e o ódio crescerá. Ele não é amor nem de raspão. Mesmo os chamados grandes amantes estão continuamente lutando, continuamente no pescoço dos outros, ranzinzas, destrutivos. E as pessoas pensam que isso é amor... O seu amor não é realmente amor, ele é o seu oposto. Ele é ódio disfarçado em amor, camuflado como amor, exibindo-se como amor. O verdadeiro amor é sem referências. Ele não pensa sobre o ontem nem sobre o amanhã. O verdadeiro amor é um espontâneo jorrar de alegria em você... e o compartilhar isso... e derramar isso... pela simples alegria de compartilhar, sem qualquer outra razão, sem qualquer outro motivo. Os pássaros cantando de manhã, esse cuco cantando lá longe... sem qualquer razão. O coração está simplesmente cheio de alegria e uma canção explode. Quando eu estou falando sobre o amor, eu estou falando sobre esse amor. Lembre-se disso. E se você puder entrar na dimensão desse amor, você estará no paraíso, imediatamente. E você começará a criar um paraíso na terra. O amor cria amor, assim como o ódio cria ódio.

(...)

Osho


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