17 de abril de 2008

Dramas de Controle - O Distante

O DISTANTE

Um drama de controle um pouco menos passivo é o do Distante. Quando começamos uma conversa e de repente percebemos que não estamos conseguindo obter uma resposta direta, constatamos que penetramos no campo energético de alguém que está usando esta estratégia. A pessoa com quem estamos conversando se mostra distante, desligada, misteriosa em suas respostas. Se lhe perguntamos sobre o seu passado, por exemplo, a resposta é um resumo vago, tal como: "Andei viajando por aí", sem mais especificações.

Durante essa conversa, sentimos que temos que fazer uma pergunta suplementar, mesmo que se trate de um assunto bem simples. Teremos que dizer, talvez: "Viajando por onde?", e recebemos a resposta: "Por muitos lugares."

Aí podemos discernir claramente a estratégia do Distante: criar constantemente em torno de si uma aura de vaguidão e mistério, forçando-nos a gastar muita energia garimpando informações que normalmente deveriam ser fornecidas de maneira casual. Quando fazemos isso, estamos intensamente concentrados no mundo da pessoa, olhando através dos olhos dela, esperando compreendê-la melhor, e assim estamos lhe dando a carga de energia que ela busca.

Temos que nos lembrar, no entanto, de que nem todo mundo que se mostra vago ou se recusa a nos dar informações sobre si mesmo está utilizando o drama do Distante; a pessoa pode simplesmente desejar permanecer anônima por um motivo qualquer. Toda pessoa tem o direito à privacidade e a revelar aos outros apenas aquilo que desejar.

Entretanto, utilizar essa estratégia de distanciamento para adquirir energia é algo muito diferente. Para o Distante, trata-se de um método de manipulação que procura nos atrair, no entanto nos mantém à distância. Se concluirmos que a pessoa simplesmente não deseja conversar conosco, por exemplo — e assim passamos a prestar atenção em outra coisa — muitas vezes o Distante voltará a interagir conosco, dizendo alguma coisa destinada a nos atrair de volta à interação, para que a energia possa continuar fluindo em sua direção.

Como no caso do Coitado de Mim, essa estratégia vem de situações passadas. Em geral o Distante não conseguia comunicar-se livremente quando criança, pelo fato de isso ser ameaçador ou perigoso. Nesse ambiente, o Distante aprendeu a ser constantemente vago ao se comunicar com os outros e, ao mesmo tempo, encontra um modo de ser ouvido, para adquirir energia dos outros.

Como no caso do Coitado de Mim, a estratégia do Distante é baseada num conjunto de teorias inconscientes a respeito do mundo. O Distante acredita que o mundo está cheio de pessoas a quem não se podem confiar informações pessoais; ele julga que a informação será usada contra ele mais tarde, ou servirá de base para críticas. E, como sempre, essas teorias irradiam-se do Distante e vão influenciar os tipos de acontecimentos que advirão, cumprindo a sua intenção inconsciente.

LIDANDO COM O DISTANTE

Para lidar de maneira eficaz com alguém que esteja usando o drama do Distante, temos que nos lembrar de começar por enviar energia; enviando uma energia de amor em vez de nos tornarmos defensivos, aliviamos a pressão que faz com que a manipulação continue. Sem essa pressão, podemos começar de novo, dando nome aos bois e fazendo do drama o assunto da conversa, para trazê-lo à consciência da outra pessoa.

Como no caso anterior, podemos esperar uma entre duas reações. A primeira: o Distante pode fugir à conversa e cortar toda a comunicação. Naturalmente, isso é sempre um risco que deve ser corrido, porque dizer qualquer outra coisa seria continuar a fazer o jogo. Nesse caso, só podemos desejar que a nossa maneira direta de agir inicie um novo padrão que levará à autoconsciência.

A outra reação do Distante pode ser continuar a conversa, mas negar estar usando o drama de controle do Distante. Nesse caso, como sempre, ternos que ponderar a verdade do que a pessoa está dizendo. No entanto, se tivermos certeza da nossa percepção, temos que nos manter firmes e continuar a dialogar com a pessoa. Esperamos que da conversa se estabeleça um novo padrão.


Visão Celestina, James Redfield

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