22 de abril de 2008

ENCONTROS E DESENCONTROS



Pergunta:Amado Osho, ultimamente, eu tenho percebido que o meu companheiro é um estranho para mim. Ainda assim, existe uma vontade intensa de superar a separação entre nós. É quase uma sensação de que nós somos linhas correndo paralelas, uma à outra, mas destinadas a nunca se encontrarem. Amado Osho, o mundo da consciência é como o mundo da geometria? Ou existe uma chance daquelas linhas paralelas poderem se encontrar?

Dhyan Amiyo, essa é uma das grandes misérias que todos os amantes tem que encarar: não há como os amantes não terem esse estranhamento, esse desconhecimento, essa separação. Na verdade, todo o funcionamento do amor se baseia no fato dos amantes serem polaridades opostas. Quanto mais distantes eles forem, mais atraentes eles serão. A sua separação é a sua atração. Eles se aproximam, eles se aproximam muito, mas eles nunca se tornam um.

Eles chegam tão próximos, que há mesmo uma sensação de que só um passo a mais e eles se tornariam um. Mas aquele passo a mais nunca é dado e ele não pode ser dado por uma lei natural. Ao contrário do que se espera, quando eles estão muito próximos, imediatamente começam a se tornarem separados de novo, afastando-se para longe. Porque quando eles estão muito próximos, a atração é perdida, e aí eles começam a brigar, a ficar ranzinzas, a rosnar. Essa é a maneira de se criar distância novamente. E assim que a distância surge, imediatamente eles começam a sentir-se atraídos. E aí, isso segue como num ritmo, se aproximando, se afastando, se aproximando, se afastando.

Existe uma vontade de ser um, mas no nível biológico, no nível do corpo, tornar-se um não é possível. Mesmo enquanto vocês fazem amor, vocês não são um, a separação no nível físico é inevitável.
Você está dizendo, "Ultimamente eu tenho percebido que o meu companheiro é um estranho para mim". Isso é bom. Isso é parte de uma compreensão que está crescendo. Somente pessoas infantis pensam que elas conhecem umas às outras. Você não conhece nem a si mesmo, como se pode conceber que você conheça o seu companheiro?

Nem o seu companheiro conhece a si mesmo, nem você conhece a si mesma. Dois seres desconhecidos, dois estranhos que nada sabem a respeito deles mesmos estão tentando conhecer um ao outro. Isso é um exercício fútil. Isso está fadado a ser uma frustração, um fracasso. E é por isso que os amantes ficam raivosos uns com os outros. Eles pensam que talvez o outro não esteja permitindo a sua entrada no seu mundo particular. "Ele está me mantendo afastada, ele está me mantendo à distância". E ambos seguem pensando da mesma maneira. E isso não é verdadeiro, todas as reclamações são falsas. Eles simplesmente não compreendem a lei da natureza.

Ao nível do corpo, vocês podem se aproximar mas vocês não podem se tornar um. Apenas no nível do coração vocês podem se tornar um, mas só momentaneamente, não permanentemente.

Ao nível do ser, vocês já são um. Não existe a necessidade de se tornar um. Isso apenas tem que ser descoberto.

Amiyo, você está dizendo, "Ainda assim existe uma vontade intensa de superar a separação entre nós". Se você seguir tentando no nível físico, você irá fracassar. A vontade simplesmente mostra que o amor necessita ir além do corpo, que o amor quer alguma coisa mais elevada que o corpo, alguma coisa maior que o corpo, alguma coisa mais profunda que o corpo.

(...)

Osho

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