«Alquimia interior é pois,
um sempre lento, conflitual e obscuro
processo de mutação energética,
pela qual uma personalidade aceita morrer
para que a sua Alma se ilumine.
Tudo se passa no Interior
do corpo humano
pela mutação do seu registo celular,
que, ao acelerar a sua vibração,
permite ao Espírito
vibrar enfim na Matéria.»
Da Alquimia Universal
Esta Opus de mutação energética actua sempre em quatro etapas bem definidas a que os antigos chamaram: Nigredo, Albedo, Citredo, Rubedo.
Ou seja a Obra ao Negro, ao Branco, ao Amarelo e ao Rubro ou Vermelho.
Correspondem estas etapas, respectivamente, à mutação de cada um dos quatro elementos: Terra, Água, Ar, Fogo.
Nigredo
«Putrefactio»
«Solutio, Separatio, Dexisio»
É o estado caótico da decomposição.
O Nigredo ou fase Negra da Obra, é a primeira etapa.
Momento altamente crítico, emocionalmente e mentalmente caótico,
situa o início da maior crise da nossa existência, que desencadeia o processo de transformação.
É a etapa mais difícil e mais dolorosa de toda a Alquimia. Quando as estruturas de segurança que através do Tempo tínhamos edificado nos são violentamente arrancadas.
A pessoa sente-se subitamente perdida, sem as referências que lhe eram familiares.
O Nigredo obriga à rendição do Eu, à identificação interior com a máxima fragilidade.
Momento intemporal, entre a Vida e a Morte.
Necessário para o possível despertar de um novo nascimento.
Ponto em que o Ser e o não-Ser se confrontam.
Quando a pessoa sente fugir o chão e não tem mais a que se agarrar.
Seja trabalho, segurança material, vida sentimental,
qualquer forma de dependência familiar ou conjugal...
É uma oposição limite, perda, destruição.
Nesta primeira etapa da Obra,
o sofrimento atingido exprime a resistência do Eu a deixar-se cair no mais fundo de Si,
a descer ao vazio existencial da sua Lua própria.
É o Tempo de se confrontar com uma absoluta desprotecção,
com a sua noite mais funda, o que habita em Si de remoto, assustador e desconhecido...
Desse «descer interior» emerge o mais doloroso,
porque o mais Solitário de todos os Sentimentos...
Deserto que nos cabe atravessar, pois só ele nos permite atingir,
por Oposição e Polaridade, o verdadeiro Oásis, a Paz profunda.
A Paz de quem já conheceu a «guerra».
A Paz de quem encontrou a resposta.
Essa resposta que só nós, em nós, nos arquivos mais íntimos e subtis da memória,
podemos encontrar...
Numa perspectiva de evolução o que está em causa na Obra ao Negro
é levar cada Ser humano a «acordar» para uma Vida com mais sentido.
O Nigredo obriga a sair de uma postura inconsciente de esquecimento.
Esquecimento de si, esquecimento da Ordem Universal.
O Nigredo remete-nos para a Consciência desse esquecimento e, finalmente para a aceitação dessa Ordem.
Segundo Étienne Guillé, o que se passa ao nível biológico no Nigredo é que as enzimas cortam determinadas sequências de informação no interior das próprias moléculas de ADN.
Isto provoca uma desestruturação do nosso programa genético, abalando igualmente aquilo a que podemos chamar o «velho Ego», a anterior personalidade, a pessoa que tínhamos sido.
O elemento a trabalhar no Nigredo é a Terra.
Nenhum comentário:
Postar um comentário